sábado, 12 de março de 2011

Resenha: Cem anos de Solidão



Sinopse:
Em Cem anos de solidão , Gabriel Garcia Marquez narra a incrível e triste história dos Buendía - a estirpe dos solitários para a qual não será dada uma segunda oportunidade sobre a terra. O livro também pode ser entendido como uma autêntica enciclopédia do imaginário.


Sobre o autor:
Gabriel García Marquez, nascido em 1927- colombiano, escritor, jornalista e editor. Recebeu o Nobel de Literatura de 1982 com Cem Anos de Solidão, publicado em 1967.






Minha resenha:
Uma grande obra prima!!
Trata-se de um romance que conta uma história fantástica, da família Buendía. É uma saga triste, porém incrível. Cheia de personagens, mistura do real com a fantasia. O enredo é fascinante!


Logo nas primeiras páginas eu não gostei muito, mas insisti na leitura e, sem dúvida, valeu a pena!
Segundo algumas resenhas, no começo várias pessoas encontraram dificuldades, eu fui apenas mais uma, é preciso paciência.. É que no início apenas é contada a história, os fatos são narrados e ponto. Não há um certo 'nexo', mas a medida que vai passando tudo se esclarece.


A narração é fácil, sem muita enrolação, conforme se vai avançando as páginas, a atenção vai ficando cada vez mais e mais voltada para a leitura. O tempo (na obra) se passa de forma rápida, ao todo são sete gerações, é necessário atenção, do contrário você se perde e não sabe de qual geração estão falando.


García Marquez tem uma habilidade genial para escrever - não é à toa que ganhou Nobel de Literatura - te conduz para os fatos de jeito incrível, é detalhista, mas não ao extremo, descreve os acontecimentos importantes do nosso continente de uma maneira que te faz vivenciar tudo, fatos corriqueiros do nosso cotidiano se fazem presentes, como traições, incesto, corrupção entre tantos outros, o que torna a obra ainda mais fantástica.






Como sempre, marquei os meus trechos favoritos, seguem alguns:
"Alguma coisa aconteceu então no seu íntimo; alguma coisa misteriosa e definitiva que o desprendeu do tempo atual e o levou à deriva por uma inexplorada região de lembranças." pág.:18




"Tinha perdido na espera a força das coxas, a dureza dos seios, o hábito da ternura; mas conservava intacta a loucura do coração." pág.:31




"Eram inúteis os seus esforços para sistematizar os presságios. Apresentavam-se de repente, num clarão de lucidez sobrenatural, como uma cnvicção absoluta e momentânea, mas inatingível. Algumas vezes
eram tão naturais, que não os identificava como presságios a não ser quando se cumpriam. Outras vezes eram taxativos e não se realizavam. Com freqüência não eram mais que toques vulgares de superstição." pág.:116




"Só ele sabia, naquele tempo, que o seu aturdido coração estava condenado para sempre à incerteza. A princípio, embriagado pela glória do regresso, pelas vitórias inverossímeis, bordejara o abismo da grandeza." pág.:150




"(...) acordou, estava de peito para cima nas trevas. Percebeu que ia um trem interminável e silencioso, e que tinha o cabelo empastado pelo sangue seco e que lhe doiam todos os ossos. Sentiu um sono insuportável. Disposto a dormir muitas horas, a salvo do terror e do horror, acomodou-se do lado que lhe doía menose só então descobriu que estava deitado sobre os mortos." pág.: 270 - 271




" (..) escutava até alta hora da noite o traço duro e apaixonado da caneta no papel, antes de ouvir o ruído do interruptor e o murmúrio das orações no escuro. Só então adormecia, confiando no dia seguinte que lhe daria a oportunidade desejada." pág.:319




"Não veio a mulher de todos os dias, a de cabeça levantada e andar firme, mas uma anciã de beleza sobrenatural, com uma amarelada capa de arminho, uma coroa de cartolina dourada e a conduta lânguida de quem chorou em segredo." pág.: 319




FAVORITO: "Seu coração de cinza socada, que resistira sem quebrantos aos mais duros golpes da realidade cotidiana, desmoronou-se aos primeiros embates da saudade. A necessidade de se sentir triste ia se transformando num vício à medida que os anos a devastavam. Humanizou-se na solidão." pág.: 319-320




"Tentado vencer a perturbação, ele segurou a voz que lhe fugia, a vida que se esvaía, a memória que se transformava num pólipo petrificado, e falou do destino levítico do sânscrito, da possibilidade científica de se ver o futuro feito transparente no tempo, como se vê contra a luz o escrito no verso de um papel, da necessidade de cifrar as predições para que não se derrotassem a si mesmas ..." pág.:343




"(..) os inspetores da estrada de ferro que tentavam mandá-los como carga, até que conseguiu ficar com eles no vagão de passageiros. "O mundo terá acabado de se foder - disse então - no dia em que os homens viajarem de primeira classe e a literatura no vagão de carga." pág.: 351




"Aurdido por duas saudades colocadas uma de frente para outra como dois espelhos, perdeu o seu mravilhoso sentido de irrealidade até que terminou por recomendar a todos que fossem embora de Macondo, que esquecessem tudo o que ele ensinara do mundo e do coração humano, que cagassem para Horácio e que em qualquer lugar que estivessem se lembrassem sempre de que o passado era mentira, que a memória não tinha caminhos de regresso, que toda primavera antiga era irrecuperável e que o amor mais desatinado e tenaz não passava de uma verdade efêmera." pág.:353




"Era a última coisa que ia ficando de um passado cujo aniquilamento não se consumava, porque continuava se aniquilando indefinidamente, consumindo-se dentro de si mesmo, se acabando a cada minuto mas sem se acabar de se acabar nunca." pág.: 353-354




"Uma noite se lambusaram dos pés à cabeça com pêssegos em calda, lamberam-se como cães e se amaram como loucos no chão da varanda, e foram acordados por uma torrente de formigas carnívoras que se dispunham a devorá-los vivos." pág.: 355




"Às vezes permaneciam em silêncio até o anoitecer, um defronte de outro, olhando-se nos olhos, amando-se no sossego com tanto amor como antes se amaram no escândalo. A incerteza do futuro fez com que o coração voltasse ao passado." pág.:357




"E então aprenderam que as obsessões dominantes prevalecem contra a morte e tornaram a ser felies com a certeza de que eles continuariam a se amar com as suas naturezas de fantasmas, muito depois de que as outras espécies de animais futuros arrebatassem dos insetos o paraíso de miséria que os insetos estavam acabando de arrebatar dos homens." pág.: 360




"(..) e naquele relâmpago de lucidez teve consciência de que era incapaz de aguentar sobre a sua alma o peso esmagador de tanta coisa acontecida. Ferido pelas lanças mortais das tristezas próprias e alheias, admirou a impavidez da teia de aranha nas roseiras mortas, a perseverança do mato, a paciência do ar na radiante manhã de fevereiro." pág.:362-363


Quase copiei o livro todo =p
Não teve como..
No final, você se sente um integrante da família Buendía..




"E choveu por quatro anos, onze meses e dois dias."

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